quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Entrevista ao blog do "Público"

O candidato do PS à presidência da Junta de Freguesia dos Mártires, Carlos Manuel Castro, deu uma entrevista ao blog do jornal "Público", que reproduzimos:


LNT – Falando na Freguesia dos Mártires poucos lisboetas serão capazes de a identificar. Para sermos mais claros estamos a falar do Chiado que muitos dos alfacinhas deixaram de visitar com a frequência de outros tempos devido ao surgimento dos centros comerciais.
O Chiado perdeu, por um lado, parte da sua animação e, por outro, parte dos seus residentes resultante da degradação do imobiliário de habitação. Consegue resumir as medidas que pretende introduzir para atalhar estas questões?


Carlos Manuel Castro – Felizmente, o Chiado recuperou do trágico incêndio de 1988 e hoje já se reafirma, na cidade e no País, como uma das áreas de grande qualidade. Muito pela intervenção dos mandatos de Jorge Sampaio e João Soares na Câmara Municipal, do interesse vincado e apaixonado dos seus residentes, mas também pela força e determinação do seu tecido económico e cultural.
Todavia, devemos ter em conta a dimensão e projecção histórica e cultural do bairro no contexto nacional e europeu, pois se algo caracterizou e distingue o Chiado é a sua marca cosmopolita. E devemos ter bem presente que estamos no coração histórico e cultural da capital do País. E Lisboa é uma cidade com projecção mundial.
Antes de mais, as nossas prioridades centram-se em quem reside na freguesia. No entanto, também temos em consideração a importância de garantir melhores condições de urbanidade a quem trabalha na freguesia e a quem nos visita.
A afluência ao bairro, para passear, fazer compras, sente-se quotidianamente. Mas este interesse que as pessoas têm pelo Chiado, a quem reconhecem uma identidade de excelência, deve ser encarado e sentido como de uma forma ainda mais nobre. De certo modo, isso já existe, pelo carácter cultural e comercial que a freguesia oferece. Mas temos de o consolidar nas ruas e projectar novas formas de tornar o espaço público mais atraente para as pessoas. Compensa incomensuravelmente mais, pessoal, social e culturalmente, uma ida ao Chiado do que a um centro comercial. Porém, para este objectivo, temos de dinamizar o espaço público e vamos fazer isso, em conjunto com os residentes, os comerciantes e actores culturais. A recuperação do espaço público, nomeadamente aos domingos, é uma dessas apostas, com a dinamização de feiras temáticas e a potencialização da feira dos alfarrabistas ao sábado. A Cultura tem um papel preponderante neste domínio.
Quanto à degradação do imobiliário, fruto destes dois anos de mandato de António Costa, já se verifica uma mudança. Basta, por exemplo, passar pela Rua Ivens para verificar como se recuperam edifícios degradados.
A candidatura da Baixa/Chiado a Património da Humanidade é mais uma das boas razões para investirmos na requalificação do edificado da freguesia.

LNT – É ideia comum que os poucos residentes no Chiado constituem um segmento envelhecido da população de Lisboa e como tal com necessidades especiais de atenção e apoio social. Quais as acções imediatas que tomará para melhorar as condições de vida dos seus eleitores?

Carlos Manuel Castro – A intervenção social assume grande importância no nosso programa. Queremos combater os fenómenos de solidão e isolamento da população mais velha, mas também queremos proporcionar aos residentes boas condições de vida na freguesia e na cidade. Vamos aliar a Cultura e a Educação, como áreas estruturais, para uma Acção Social efectiva. Por isso, pretendemos a criação de uma Universidade Sénior, um programa cultural que assegure uma agenda regular de iniciativas, sejam de índole artística ou literária, de modo a promover uma vida activa e integrada. A Segurança é outro domínio determinante. Tomando as boas práticas implementadas por algumas autarquias, pretendemos assegurar a ligação entre os residentes e as forças de segurança. O Desporto e a Saúde têm importância e queremos implementar um programa desportivo, que vá ao encontro dos interesses e necessidades das pessoas, assim como promover regularmente acções de rastreio e prevenção, para valorizar hábitos de vida saudável. Vamos realizar uma grande aposta na Modernização Administrativa, algo que a freguesia carece, pela sua inexistência. Um dos pontos importantes, nomeadamente para os mais velhos, é garantir o serviço de um técnico certificado que ajude os residentes a entregar o seu IRS pela Internet. Evitando, deste modo, deslocações e perda de tempo na repartição de finanças. São pequenos gestos, mas que fazem grande diferença.
Por outro lado, importa salientar que a freguesia está a rejuvenescer, com a vinda de jovens casais, que pretendem obter uma vida com qualidade no centro da cidade.
Por isso, temos uma agenda de novas políticas locais, em termos sociais e culturais, que pretende dar resposta tanto aos mais velhos como aos mais novos, sem esquecer o importante papel da família no desenvolvimento das iniciativas que pretendemos implementar.

LNT – Lisboa tem 53 Freguesias o que é considerado um número exagerado e deveria ser olhado com alguma atenção. Nesta matéria o que pensa dever-se promover para a reorganização do Concelho de Lisboa?

Carlos Manuel Castro – Lisboa precisa, urgentemente, de uma profunda reforma de governação, no sentido de garantir mais meios e melhores condições aos residentes, por uma cidade melhor. Se quisermos, há “duas Lisboas”: uma para quem cá mora e outra para quem a visita. Para os segundos, Lisboa é uma cidade fantástica, maravilhosa, que faz apetecer um regresso tão rápido quanto possível. Para os residentes, Lisboa tem todos estes encantos, mas conta, também, com vários inconvenientes do dia-a-dia.
As Juntas de Freguesia da cidade contam com poucas responsabilidades e meios, técnicos e logísticos. Por outro lado, a Câmara Municipal conta com meios e condições, ao ponto de, por vezes, tornar a máquina municipal pesada, enredada em teias burocráticas que não respondem às necessidades e pretensões dos munícipes e da cidade.
Melhor do que a Câmara Municipal, as Juntas de Freguesia podem dar respostas céleres e eficazes em domínios determinantes para a nossa qualidade de vida, como a conservação e limpeza do espaço público, a autorização de pequenas obras. É preciso descentralizar competências e as pessoas devem saber quem faz o quê.
O programa de António Costa para a cidade vai ao encontro das necessidades da cidade, no sentido de as potenciar. Os próximos anos serão muito importantes para operar estas mudanças que a cidade precisa e as pessoas querem.
Considero que a Carta Estratégica, lançada por António Costa, um excelente ponto de partida para esta mudança indispensável. Nos Mártires, a freguesia com menos residentes da cidade, mas a mais antiga de Lisboa, tudo faremos para envolver os residentes neste debate e que a sua participação conte e seja efectiva. Queremos uma Lisboa de futuro, sem perder os seus valores e tradições.

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